Salve, Douglas
Seu raciocínio está certinho. O único problema que vejo nele é essa coisa da relação risco/retorno. É importante? Sim, mas não pode ser o essencial. Se você levar muito em conta a relação risco/retorno, montará travas onde suas chances de ganho serão pequenas. Aumentar as chances de ganho tem um preço a pagar, e é justamente deixar essa relação muito ruim. Mas, o que você prefere? Aumentar suas chances e ganhar entre 25 a 30% do capital arriscado ou buscar um ganho de 200% sobre o risco, mas com chances mínimas de ganho?
Explico:
se você monta uma trava de alta com PUT dentro do dinheiro, a tendência é que você receba um bom spread. Logo, seu prejuízo tenderá a ser menor, caso tudo dê errado. Porém, você precisa que o preço da ação suba. As ações VALE3 fecharam hoje (7/12/22) a R$84,84 com máxima em R$86,42. Vamos supor que montemos uma trava de alta usando PUTs de strike R$87,41 e R$88,41. Ambas estão ITM.
Vendemos strike R$88,41 por R$4,18 e compramos strike R$87,41 por R$3,46. Veja que recebemos um spread de R$0,72 por ação (lucro máximo). Como a diferença entre os strikes é de R$1,00 o prejuízo máximo é de R$0,28 por ação. Esse é o risco máximo. Um rendimento de 257% sobre o capital arriscado. Maravilhoso, né? Porém, as chances de a operação ser vencedora são pequenas, pois precisa de uma alta do preço da ação. No dia do vencimento, a ação precisa estar cotada acima de R$88,41 (uma alta de mais de 4%). Se isso não acontecer, as duas posições irão para exercício. Você será obrigado a comprar ações por R$88,41 mas exercerá seu direito e as venderá por R$87,41. Prejuízo de R$1 por ação. Como você recebeu R$0,72 na montagem da trava, seu prejuízo é pequeno.
Vamos agora a uma trava de alta com PUTs fora do dinheiro. Vendemos strike R$83,41 por R$1,40 e compramos strike R$82,41 por R$1,06 recebendo um spread de R$0,34 por ação (lucro máximo). Como a diferença entre os strikes é de R$1, seu prejuízo máximo será de R$0,66. Um rendimento de 51% sobre o capital arriscado. Porém, as chances de sair vencedor são bem maiores, uma vez que você tem a passagem do tempo a seu favor. Se o preço da ação ficar parado (de lado), a tendência é o derretimento do valor extrínseco das duas opções. Veja que você não depende de qualquer movimento do preço da ação para sair vencedor. Você está aumentando suas chances, pois preço de lado está a favor da sua posição. Na trava com PUT ITM, preço de lado está contra a sua posição.
Sabendo que só existem 3 possibilidades para a movimentação dos preços - sobe, cai ou fica de lado - uma trava com PUTs ITM você só ganha se houver alta do preço da ação. Na trava OTM, você ganha com a alta e com o preço de lado também. Ou seja, você tem mais chances de sair vencedor.
Então, a única observação que eu faço sobre seu raciocínio é não colocar a relação risco/retorno no topo da sua estratégia. Ela é a coisa menos importante.
O mais importante é ficar tranquilo, ou seja, saber que se tudo der errado, o prejuízo não vai afetar seu patrimônio nem seu emocional.
Sobre a segunda pergunta:
- particularmente, não faço rolagem de posição.
- se meu prejuízo está limitado e estou confortável com esse prejuízo, deixo até o vencimento. Daí, monto outra. Operação com opção, quanto menos você mexe, melhor.