Não é nenhuma surpresa que nesse momento o Brasil se
encontra com a maior taxa de juros real do mundo, deixando o segundo colocado
bem para trás. Em novembro de 2016, as maiores taxas reais de juros do mundo, descontando
pela inflação esperada para os próximos 12 meses, foram:
Diversos
são os motivos abordados por economistas sobre a elevada taxa de juros no
Brasil, passando pela alta dívida pública brasileira, pela baixa poupança
doméstica..., além das questões microeconômicas. A ideia desse artigo não é
adentrar a fundo sobre essas razões, mas sim entender o que devemos fazer com
os nossos investimentos, dado que temos os maiores juros reais do mundo.
A
atual diretriz do Banco Central (BC), através da figura de Ilan Goldfajn, da muito mais importância ao controle da inflação do que a gestão anterior e
manteve a taxa Selic em 14,25% a.a. enquanto as projeções de queda da inflação
não se confirmavam. A partir do momento em que a convergência ficou clara, o BC
começou o processo de queda das taxas de juros, adotando reduções de 0,25% p.p.
nas últimas duas reuniões.
Atualmente
(Relatório Focus 09/12/2016), a mediana das expectativas aponta uma inflação de
4,88% para os próximos 12 meses e 4,90% para o fechamento do ano de 2017, indicando
um valor bem próximo do centro da meta de inflação (4,5%). Nos meses de outubro
e novembro de 2016, a inflação veio abaixo das estimativas e foram as menores do
século XXI para os respectivos meses. Esses números dão indicativos que a taxa
básica de juros tem espaço para cair, podendo chegar até 10,50% a.a. no final
do ano de 2017, segundo o mesmo relatório Focus.
Caso
a inflação do ano de 2017 feche em 4,9% e a Selic em 10,5%, teremos uma taxa de
juros real de aproximadamente 5,3% no final do ano. Caso no final do ano de
2017 a previsão de inflação para 2018 esteja ainda em 4,5%, a taxa de juros
real ex ante giraria em torno de 5,75% (bem abaixo dos 8,53% que vemos no
gráfico acima).
O mercado já precificou
parte da queda dos juros no curto prazo, tanto que podemos observar os títulos
do tesouro Prefixado com taxas de compra em torno de 11,5%/12% ao ano e os
títulos de do tesouro IPCA+ com taxas de compra em torno de 6% a.a.+ IPCA.
Porém, o mercado ainda não precificou por completo todo esse movimento.
Levando em consideração
os pontos comentados e as expectativas futuras, vejo um cenário de inflação a
4,5% e taxa básica de juros em 10% no médio prazo (3 a 5 anos), o que
resultaria em uma taxa real de juros em torno de 5,25%. Colocando uma banda de
+- 1% p.p. para a taxa básica de juros e de +- 0,5% p.p. para a taxa de juros
real, opções prefixadas que estejam pagando, para o médio prazo, pelo menos 11% ao
ano de taxa nominal ou 5,75% de taxa real ainda estão bem atrativas.
Vale lembrar que a
tendência de queda deve ser ainda maior no longo prazo, tornando os títulos
mais longos uma ótima opção.
Segue abaixo as taxas de
alguns produtos que estão bem interessantes hoje (15/12/2016):