Bom dia Sasaki!
Agradeço o seu artigo sobre esse assunto e é de fato um claro separador de águas entre os vários cenários de trade que por usarem o mesmo denominador trader, ás vezes trazem algumas confusões e paralelismos infundados.
Peço desculpa por ousar escrever aqui, e se achar que não é oportuno, peço para anular esta resposta, mas eu gostava só de acrescentar aqui um pouco da minha experiência.
A minha experiência é no trade desportivo, ou esportivo, e confirmo que há muita falta de regulamentação séria nesse mercado. O trader, ou apostador, é sempre a parte frágil desta cadeia de valor que gera lucros milionários e a mais desprotegida. Principalmente porque, para efeitos fiscais/lucros, grande parte dessas casas de apostas online são sediadas em paraísos fiscais ou países com legislação mais permissiva quanto à forma de actuar, quanto a regulação financeira, ou quanto á protecção do ganhador/apostador/trader.
No que diz respeito aos sites, neste sector de actividade há duas formas distintas de atuar; 1- Os sites de apostas, onde o aceitador da odd, do risco, ou da probabilidade, é a própria casa de apostas. 2- As Bolsas de apostas, onde o aceitador da odd, do risco, ou da probabilidade, é outro apostador. Aqui a casa de apostas só serve de "intermediário" e cobra uma comissão (%) no lucro.
No primeiro caso, os sites de apostas, é certo que há sites desses com melhor ética ou pior, mas no fundo, na generalidade dos sites, o apostador vai apostar contra a casa de apostas. Ou seja, se alguém acha que o Real Madrid, ou o Bayern de Munique vai ganhar um jogo e aposta na vitória desse clube, se ganhar a aposta quem perde o dinheiro é a casa de apostas porque é ela que aceita o risco. Assim, logicamente, na generalidade dos sites, os apostadores de sucesso não são lá muito bem vindos. Os sites, não tem nada escrito quanto a isso, mas quando há um apostador de sucesso, essas casas usam uma série de estratégias para dificultar a vida a esse apostar, reduzir o lucro e muitas vezes anulam mesmo a conta dele sem lhe dar hipótese de tirar os seus valores. E aí o apostador/trader, é o elo fraco, porque pode reclamar com o próprio site, quase sempre sem sucesso, mas não tem nenhuma entidade reguladora a quem se dirigir para reclamar e fazer valer os seus direitos.
No segundo caso, as bolsas de apostas, a situação é ligeiramente diferente. Aqui as casas de apostas, só garantem que a operação é realizada. Os apostadores podem apostar a favor ou contra os eventos desportivos. Eu posso apostar contra a vitória do Bayern de Munique a uma odd (risco ou probabilidade) de 1,5, e a minha aposta só entra se houver alguém que aposte a favor do Bayern e me compre a aposta a essa odd de 1,5. No final do jogo, ou passado alguns minutos, eu posso fechar a minha operação e se tiver lucro, pago uma percentagem a casa de apostas. Neste caso o outro apostador é que suporta o prejuízo, ou perda. Aqui os apostadores com sucesso não são penalizados por terem sucesso. No entanto o nível de comissões cobradas normalmente sobe substancialmente se os ganhos começarem a ser significativos. Podem subir de 6,5% para valores acima de 20%. No entanto, e apesar de ser uma operação mais justa, o trader, ou apostador, continua a ser o elo mais fraco neste processo e em caso que tenha que reclamar algo, só o poderá fazer com a própria casa de apostas, não tendo nenhum órgão regulador a quem recorrer.
De uma forma geral era bom que neste aspecto a regulação caminhasse para um paralelismo com o mercado de capitais no que toca a regulação da actividade e dos vários agentes envolvidos, um pouco à imagem do que já acontece em Inglaterra onde a actividade já é regulamentada e o apostador, sports trader ou gambler, já é reconhecido com actividade profissional, tem enquadramento legal e fiscal, e tem entidade reguladora.
Do ponto de vista técnico, de facto, como você disse de forma excelente, esta área não tem correlação nenhuma com os outros mercados de trading regulados. No trade desportivo, o que se compra ou vende é uma probabilidade, ou um risco, uma hipótese de acontecer algo que não tem influência nenhuma no resultado, ou no evento sobre o qual se aposta.
Mais uma vez obrigado pelo seu artigo sobre este tema.